
Entre os ipês do planalto
a minha pampa fez ninho;
pouco importa os caminhos
que a tradição percorreu
nem como chegou a semente
com a história da nossa gente,
que espalhada no cerrado
em pouco tempo floresceu.
Na ânsia de transcender
e aqui fazer querência,
em meio às reminiscências,
vaqueanos da tradição
ergueram nova morada,
refúgio da gauchada;
há vinte anos passados
nascia a Federação.
Era o Brasil de bombacha
do gaúcho desgarrado,
que rebanha para o lado
a saudade do seu chão.
Mas fica a ralhar com o tempo,
amadrinhando sentimentos,
numa charla silenciosa
com o próprio chimarrão.
Muitos por aqui passaram,
nos vinte anos de história;
pedaços da mesma glória,
partilharam entre os iguais,
peregrinando horizontes,
bebendo da mesma fonte
do manancial regalado
pelos nossos ancestrais.
Acampados no Planalto
juntaram suas memórias,
escreveram a própria história;
com poesias e canções,
sapateados e sarandeios,
nos festivais e rodeios
uniram os CTG's,
numa grande integração.
Mudam as cores da paisagem
os vestidos coloridos,
com os costumes mantidos,
que é da nossa tradição;
a milonga galponeira
parece não ter fronteiras,
vai ateando uma saudade,
no fogo grande de chão.
É rancho que nos abriga,
onde encontramos aconchego,
onde se estende os pelegos,
aquerenciando a existência.
A prosa mansa, caseira,
tapeia os olhos do tempo,
palanqueando sentimentos
aqui pra nova querência.
Onde o gaúcho se arrancha,
para amansar a saudade,
encontra hospitalidade
e emoções pra partilhar;
onde o abraço amigo
é mais que poncho, é abrigo,
e a velha cambona apeia
recuerdos para matear.
Abre atalhos nas consciências
dos jovens e das crianças:
canteiros da esperança;
da tradição é a voz
cuidando dessa semente.
Mesmo dos pagos ausentes,
uma flor irá nascer
nesses campos que há em nós!