
Tapeando o chapéu na testa
amplio a minha visão
e vejo no meu rincão
cada vez mais nativistas,
mais tradicionalistas
cultuando os que passaram,
os heróis que nos legaram
tantas e tantas conquistas.
São desses antepassados
que herdamos a tradição,
o amor pelo torrão
e o pensamento altivista,
o sentimento idealista
de buscar sempre a igualdade
e lutar por liberdade:
marcas de todo o sulista.
Vejo, também, os poetas
cantando a nossa querência,
demonstrando uma consciência
comum aos compositores:
enaltecer os valores
emergidos da História
e atiçar nossa memória,
na voz de guapos cantores,
que espalhados pelo pago,
nos espaços culturais
e em famosos festivais,
vão lançando a semente
da Tradição Rio-grandense
a jovens, que a passarão
de geração a geração,
num processo permanente.
Vejo Piquetes e CTGs,
todos na mesma harmonia,
a sociedade sadia
na diversão de um galpão;
a charla junto ao fogão,
rodeios – campeira lida:
gaúchos mantendo viva
a Chama da Tradição.
E tapeando mais, ainda,
a aba do meu chapéu,
vejo tremular no céu,
por toda a nossa Nação,
o Tricolor Pavilhão,
Trapo Sagrado da Terra,
que entre as cores encerra
o lema do Nosso Chão.
Liberdade, igualdade, humanidade:
três palavras liberais;
são farrapas, são atuais,
representam a verdade,
que foi fruto da vontade
de um povo valoroso,
que se preciso vai de novo
defender dignidade.
Por isso, eu me entono
ao ver minha bandeira no céu;
retiro logo o chapéu,
como um sinal de respeito.
Depois, com calma, ajeito
do lado do coração
um Chapéu de Tradição,
tapeado, dentro do peito!