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08/11/2011
23:37:27 |
UM RANCHO NO CÉU |
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Depois do almoço uma chuva mansinha, com jeito de china que leva uns galopes, chegou despacito no rancho do cerro, onde vivo solito por gosto, no más.
Bombeei pra meu catre, esqueci os compromissos. Total, pra que pressa? Eu faço amanhã... Tirar uma pestana era só o que eu queria, coberto com o poncho que a china gostava.
Bonita e arisca, e sempre emburrada, a troco de nada se foi “a la cria”. Total, que me importa; de barriga cheia, diziam os antigos, “dá até congestão”.
Dormi como pedra que toma cidreira. “La pucha”, que sono, que chuva cantando; uns lindos “recuerdos”, que fazem morada no peito da gente.
Montei no meu zaino, um chucro petiço, que nunca na vida ganhou uma carreira; emparelhei a nuvem, que passou correndo, e no grito de “bamo” até luz destapei.
Lê juro, parceiro, foi esta carreira mais linda e primeira que o zaino ganhou; o que não inventa o tal sonho da gente, pois foi num repente já estava no céu.
No final da cancha clarão de candeeiro. E a lua, parceiro, um rancho mostrou; de longe se ouvia violões e cantigas, e verso bonito que o índio dizia.
Um rancho de poeta quinchado de estrelas, jardim de poesia, arco-íris em flor. Conheço este rancho, gritei pra meu zaino, conheço o gaúcho na voz desse taura.
É o timbre perfeito da voz da saudade, pois nunca no pago haverá outra igual. Conheço-lhe as manhas de noites boêmias, de chinas e violas, pois fui seu cantor.
Decerto o Onofre, que é santo, lhe esconda o trago de canha, que não bebe mais, pra que não lhe tente, qual tantas mulheres que foram poesia em seus tragos de amor.
Conheço este rancho, seu dono, seu mundo, porque de seu lado uma vida vivi: vaqueano Fagundes, irmão e amigo, um baita gaúcho de nome Darcy.
Eterna presença na voz de outras vozes, cantando a querência ao som dos violões, enquanto no pago chorarem cordeonas e noites de rimas rondarem fogões... |
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Autor:
Luiz Menezes |
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Poesia enviada Por:
Maria Beatriz Magalhães dos Santos - BrasÃlia / DF |
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Observações:
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05/11/2013
23:00:29
juarez - laranjeiras do sul / PR - Brasil |
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Muito linda a poesia, ainda mais pra quem era fã de Darcy Fagundes. Que saudades! Bjs. Fuiiii...
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Sítio:
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