
Alma grande missioneira,
que guarda restos de lua
daquelas noites charruas
vividas lá na querência.
Seu coração é um abrigo
pra uma ponchada de amigos,
que estão sempre à sua volta
e em mansas reminiscências.
Seu pensamento galopa
na lembrança de um tordilho,
amansando trocadilhos
no seu jeito de falar...
Às vezes, em meio à prosa,
sua memória vagueia;
vai desatando as maneias,
até se desenredar...
Encontra sempre um atalho,
pras coisas ainda distantes;
vai desvendando horizontes,
amadrinhando o conflito.
Pra tudo tem argumentos.
Vive à frente de seu tempo.
Seus olhos sempre vislumbram
um pouco mais que o infinito.
De vez em quando, em silêncio,
uma saudade se assoma,
vai apeando da cambona
o amargo da solidão...
Lembranças de um velho tempo
vem povoar seus pensamentos,
enquanto encilha uma charla
com o próprio chimarrão.
Traz a saga do Rio Grande
aninhada na memória;
és guardião da nossa História,
queremos ouvir tua voz!
Permita que esse guri,
que vive dentro de ti,
venha acordar a criança
que teima dormir em nós.
Às vezes, por um descuido,
se pega a ralhar com o tempo;
à sombra de um pensamento,
vai cismando com o passado.
Na garupa das pandorgas
viajam sonhos peregrinos;
e um centauro montado
no coração de menino!