
Cordeona,
velho instrumento,
que gemendo
acompanha os lamentos
da alma do peão gaúcho;
que em seu destino sem luxo,
a cavalo ganha a vida,
de sol a sol, sempre na lida,
no serviço da campanha...
E aos domingos,
quando sobra tempo
pra um gole de canha,
o Ãndio até que se assanha...
e dedilhando a botoneira,
uma melodia bem rancheira,
em cada fole que expande,
demonstra seu amor
pelo Rio Grande,
que vem do fundo
de sua alma galponeira
e vai atravessando aramados,
divisas e fronteiras...
se espalhando
na velocidade de um bagual
que, caborteiro,
dispara do buçal,
galopando por entre as coxilhas,
na imensidão
da Pampa dos Farroupilhas...
e que só vai se perder
no dia em que o último
coração gaudério
parar de bater...