
Anita Garibaldi
Óleo sobre tela de Johann Moritz Rugendas, século XIX
Foi no Rinção dos Morrinhos
que viveu a meninice.
Adolescente campeira,
lutando contra a mesmice;
e logo aos quatorze anos
casou-se com faceirice.
A Aninha do Bentão
tornou-se bela mulher.
Infeliz no casamento,
sem ter um filho sequer;
foi na República Juliana
que alcançou o seu mister.
O destino faz, Ã s vezes,
soberbas demonstrações,
ao cruzar olhares perdidos
e unindo dois corações;
Garibaldi viu Anita:
mar revolto de emoções.
O amor nunca se ancora,
e o mar "largo" tem infinito.
Foi a bordo do Rio Pardo
que deu inÃcio ao seu rito;
guerreira audaz e valente,
coragem sem manuscrito.
Cruzou o Santa Vitória
ao Capão da Mortandade;
trazendo um filho no ventre,
perdeu sua liberdade.
Fez da fuga uma epopéia,
pela sua dificuldade.
Findado o sonho farrapo,
havia que seguir peleando;
pro Uruguai foi de muda,
na guerra perseverando;
Garibaldi no combate,
Anita os filhos criando.
Cruzou os mares para a Europa
à espera do consorte,
levando filhos e planos,
para criar a Itália forte,
sem saber que perderia
a última luta pra morte.
Restou à história de Anita
seu valor à liberdade.
Mulher guerreira, bonita,
sua pátria guarda saudade;
figura mãe, és bendita,
conheci tua verdade.
HeroÃna, peregrina,
força-luz de todo o mundo;
sua vida não se finda,
embora o sonho profundo;
queria saber, ainda,
qual o teu verdadeiro mundo.
Dizem que Anita é lageana;
penso que sim, há razão;
viveu nos campos da serra,
defendendo seu torrão.
Se aqui derramou seu sangue,
pra cumprir bem a missão,
por aqui fincou raÃzes,
aqui sofreu seu coração!