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17/02/2009
17:31:40 |
ARRIMANDO CANSAÇOS DA VIDA - Retrato doÃdo da velhice |
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O carão, já cansado,
reflete nas rugas
que os sóis pincelaram
... canseiras e agruras.
Como velhos retratos
roÃdos, amarelos
e desbotados...
retratam amenidades,
sofrenaços da vida
e recuerdos perdidos
nas lonjuras.
Teus olhos já turvos
- são janelas do pampa;
embaçam miragens,
que os tempos nublaram,
e curtidos da lida,
agora, repontam
campeiras imagens
de há muito "olvidadas".
Teu tronco curvado
ao baixeiro do tempo
- um cerne de angico
vergando-se ao vento!
Troteia no “povo”
chibando misérias
e fazendo biscates,
pr'o rango mixado.
Quando finda a tarde,
ao acaso,
tonteia rudezas,
sorvendo a sorte
palmeada nos mates,
amargando as tristezas
como boi abichado.
Tronqueiras... tuas pernas
- Esteios do Pago! -
arquearam ao lombo do zaino.
Incertas, fraquejam;
em passos vagos andejam
sem rumo e sem norte,
sem botas desgastadas
e sem estribos;
tropeçam "a lo largo"
reculutando invernadas,
sem prumo vagueiam
pra changa dos cobres
em longas tropeadas.
Tuas louras melenas
- ouro dos arrozais -
cobrem-se das invernias
dos muitos agostos.
E a colorada das guerras
- um sÃmbolo libertário -
eternizas ao pescoço
nos bailes de rancherio
e carreiras em alvoroço.
Tua alma campeira
perdura no fole da gaita.
Os olhos verde-ternura
verdejam nos campos
teu jeito de taita.
Da face cansada,
ausentou-se o sorriso.
O olhar esfumado
distanciando a paisagem,
pernas arqueadadas
arrimando basteiras;
e as melenas mouras,
de eternas geadas,
ao sopro dos ventos
embanderam soalheiras...
São lascas dispersas,
vestÃgios amargos
das horas sofridas
na rude labuta.
São guerras sem glórias,
e marcas das perdas
que tu, velho tata,
tranqueaste na história
a mango e sogaços.
Hoje...
só "ajunta" cansaços,
recuerdos da lida,
saudades da vida
e lutas... sem vitórias ! |
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Autor:
Egiselda Charão |
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Poesia enviada Por:
Egiselda Charão - Porto Alegre / RS |
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Observações:
Poesia premiada no Pealo da Poesia Gaúcha, do Alegrete/RS.
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