|
|
 |
01/04/2011
22:19:13 |
DE TARDEZITA |
............................................................................ |

De tardezita, o peão recostou-se no parapeito, tapeou o chapéu, puxou uma palha do bolso, colocou atrás da orelha, pegou um naco de fumo e, com uma xerenga daquelas de aparar a barba, foi cortando com capricho o jorgina, juntando-o na palma da mão. Desfiou bem. Buscou a palha atrás da orelha, recheou-a e foi enrolando-a. E antes de fechar o palheiro, passou a língua ao comprido da palha, fechou-a, fez uma pequena dobra numa ponta, colocou a outra na boca, prendeu fogo e começou a pitar. Bombeava, pensativo, o horizonte à sua frente, sem se deter nas silhuetas do gado, dos cavalos, das ovelhas e dos capões de mato, que melancolicamente espichavam a sombra com o entrar do sol. Um cusco veio pro seu costado; festejando, cheirou sua canela e deitou-se, quase fazendo o pé de travesseiro, o que também não foi notado. A fumaça do palheiro subia, afilada, naquela tarde calma, como que levando um sonho daquele moço absorto. Quando os mosquitos chegaram, se tapeou um pouco, fez um agrado no cusco; e ouviu um chamado carinhoso de que o mate estava pronto. Tirou o chapéu, elevou seu pensamento ao Patrão Celeste e agradeceu por ter saúde, um rancho, uma china. E entrou, para matear com ela! |
|
............................................................................ |
|
|
|
Autor:
Deroci Freitas de Moraes |
|
Causo enviado Por:
Deroci Freitas de Moraes - Santa Maria / RS |
|
Observações:
Visitem meu Blog http://lafora.arteblog.com . O autor.
Observações do BL: a referida obra está classificada como Conto Gauchesco. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|