
Acordou, mas continuou deitado, apenas esperando o cantar do galo para pular da cama. Uma boa espreguiçada, um longo bocejo e saltou. Enxaguou a boca, um tapa d’água no rosto, uma ajeitada na melena e se foi pra o galpão. Prepara o fogo, o mate, puxa o banco e, enquanto a água aquenta, fecha um palheiro. A noite foi fria!
Na calma da madrugada, ainda com o clarão da lua, dá para ver a “tordilha” que caiu. A água já está pronta. Em uma das mãos a cuia, a outra, que se apóia no joelho, ora sai para alçar a cambona e encher o mate, ora para levar o palheiro a uma tragada. O galo canta de novo, trazendo o pensamento do xiru de volta. Como vamos longe nestas horas...
O clarão do fogo faz as sombras dançarem pelo chão e pelas paredes. No santa-fé da quincha, pendentes de picumã também participam da dança, esta provocada pelo ventito que vem das frestas, trazendo a aragem da geada. O mate continua, o palheiro fumega, a cambona é enchida mais uma vez. O calor do fogo e do mate aquece o corpo e a alma, enquanto negócios, compromissos, cambichos, parceiros que já partiram, são relembrados.
Um estalo no fogo chuvisca o galpão de faíscas. Talvez fosse um daqueles que pediu permissão ao Patrão do Céu, para dar um volteio, e ao se achegar para o mate enroscou a espora no tição. Quem sabe!?
O xiru tem quase a certeza de que há pouco ouviu um Oh de casa! Estranhou, porque a cachorrada não deu sinal.
Fez o sinal da cruz, levantou-se e partiu pra lida...