
Num tropel que ecoa no tempo,
de rastros envoltos em sombras,
escolho minha própria carreira
maneando lembranças na bomba.
Sorvendo o gosto do mate,
o amargo da vida me leva
feito animal que se enrreda
no cipoal do destino.
Já fui guerreiro, índio e menino,
guarani e maragato;
e quando abri picadas no mato,
vi de longe o futuro.
Nunca tive medo do escuro
ou da bala que cruza;
e desafio quem usa
a coragem que diz ter.
Hei de morrer no Rio Grande,
de preferência na fronteira,
com a minha fronte guerreira
a olhar para o sol que desce.
E quando a morte vier,
ela ouvirá minha prece;
para o Patrão Celeste
um único pedido irei fazer:
"me deixe, Patrão bondoso,
tombar orgulhoso;
pois se nasci deste jeito,
gaúcho eu hei de morrer!"