
Maria Beatriz Magalhães dos Santos
Foto: bombachalarga.org
Há uma promessa de vida em cada amanhecer
É hora de percorrer caminhos dentro de nós
É a hora de ouvir a voz
Que vem do nosso interior
Parece que se misturam
Criador e criaturas
Num doce ritual de amor.
É hora de prece e meditação
Minha alma se ajoelha debruçada na fé
E a nossa invernada se enche de paz
Num chasque eu te peço, Patrão Celestial,
Que a tua luz em mim permaneça
Que eu todo dia agradeça
O muito que tu me dás...
Abriga sempre a minha alma
Assim como a sanga acolhe
A flor simples do aguapé
Ilumina a minha jornada
Me conduz na caminhada
Não deixa que os desencontros
Abalem a minha fé.
Tu conheces a minha prosa
Sem que eu precise falar
Quantas vezes, amargurada,
Eu pensava que era o fim
Tu me mostravas o caminho
Pra eu descobrir que sobravam
Estradas dentro de mim.
E quando uma noite escura
Surgia no meu caminho
Enfeitavas o céu de lua
E me falavas baixinho
“O coração é uma porta
Que tem a tranca por dentro
Mas a chave está contigo
Só tu poderás abrir”...
Conheces bem a nossa natureza
E como entendes as nossas fraquezas
E a todos, sempre, estendes a mão
Traz a luz a nossa mente
Quando a alma em soluços
Pra poder falar contigo
Precisa apagar o lampião.
Obrigado Patrão Velho
Protege o meu velho pago
Conserva em nossa gente
Os costumes da querência
Quando houver mais de um gaúcho,
Reunido, em nome da tradição,
Vem fazer parte da prosa
Na roda de chimarrão.
E de quebra, ainda te peço,
Velho Patrão das Alturas,
Que ainda me sobre ternura
Pra revelar ao meu peão
Fonte de amor cristalina
Onde minha alma se aninha
Me ensina o que é um bem querer
Quando me diz: “prenda minha”.
No meu andar solitário
No rumo da poesia
A inspiração que me mandas
É que me faz companhia
Mas quando estiver ocupado
Me basta um céu estrelado
E este amor pelo meu pago
Não há melhor parceria!